Isabella Prata, fundadora da Escola São Paulo, a banqueteira Neka Mena Barreto e Sônia Hess, presidente da Dudalina, compartilham suas trajetórias em evento nesta segunda-feira
Por Júlia Pitthan

Sônia Hess, presidente da Dudalina
Filhas de famílias grandes, com muitos irmãos, criativas e dispostas a enfrentar obstáculos. Essas características unem três mulheres que compartilharam suas histórias de sucesso durante o evento
Mulheres Empreendedoras, promovido na manhã desta segunda-feira (12/11) pela Microsoft, com a curadoria da Pequenas Empresas & Grandes Negócios e o apoio da FedEx e da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A fundadora da
Escola São Paulo, Isabella Prata, abriu a sessão com um relato da sua trajetória pessoal. Filha de uma família de classe média, ela foi a terceira entre duas irmãs e um menino. Antes dos 18 anos, saiu de casa para morar sozinha, porque percebeu que precisava perseguir a
independência financeira para ter liberdade.
“Dava aulas de flauta, vendia sanduíches e roupas de uma confecção”, disse. A primeira oportunidade de empreender surgiu quando ela fazia estágio no Museu de Arte Moderna de São Paulo. “Havia uma diretora que cuidava de tudo, mas não olhava muito para a parte administrativa e financeira do prédio. Eu vi a chance de criar uma produtora para atrair grandes exposições”, afirma.
Para Isabella, as mulheres são inovadoras natas e têm uma grande capacidade de transformar problemas em soluções. “Ao sentir um incômodo, nós transformamos isso em alguma coisa diferente. Nós mulheres temos o potencial de inovar”, diz.
Banquete em Davos A banqueteira
Neka Mena Barreto também cresceu em uma casa cheia em Porto Alegre (RS). “Éramos cinco irmãos do primeiro casamento do meu pai e mais três do segundo. Além disso, havia primos. Eram pelo menos 15 crianças juntas”, diz.
As vivências da infância fizeram com que Neka se interessasse por
culinária. “O que eu mais gostava na minha casa era da cozinha”, diz. Ela estudava em um colégio muito tradicional na cidade, mas no fim de semana dava aulas de cozinha na periferia de Porto Alegre.
A vontade de montar um negócio próprio veio da necessidade de criar novas receitas e realizar um trabalho mais autoral. “Eu nunca pensei em ter uma cozinha só para mim, mas quando eu fui trabalhar na cozinha das outras pessoas, eu não parava de inventar. E não me deixavam inventar as coisas que eu queria”, afirma.
Em janeiro deste ano, Neka foi uma das responsáveis por realizar os baquetes no
Fórum Econômico de Davos, na Suíça. A empreitada exigiu muita criatividade para driblar as restrições em um evento rigoroso com os protocolos. “Saí de um verão de 30 graus para um inverno de menos 14 graus. A equipe tinha 10 brasileiros e 20 franceses. Antes de começarmoso trabalho, demos as mãos e falei que precisávamos trabalhar de coração aberto para as coisas funcionarem”, disse.
Como não podia levar nada do Brasil, ela viajou pela Europa várias vezes em busca de fornecedores orgânicos. Foi a Portugal e à Itália em busca de polvilho e mandioca, entre outras matérias-primas para realizar suas receitas.
Empreendedora de filhos Sônia Hess de Souza, presidente da grife de camisas
Dudalina, encerrou o ciclo de palestras. Filha de dona Adelina Hess de Souza e Seu Duda Souza, fundadores da companhia, ela cresceu em uma família com 16 irmãos: onze meninos e cinco meninas. Por isso, Sônia costuma se referir à mãe como uma empreendedora de filhos. Também foi ela que começou o negócio de costuras de camisas, depois que o marido comprou uma leva de tecido que não teve saída na venda que o casal administrava em Luis Alves, no interior de Santa Catarina.
A herdeira diz que sempre trabalhou junto com os irmãos e que por isso nasceu dando lucro para a mãe. Em 1974, motivada pelo desejo de aprender e se desvencilhar do caos familiar, Sonia foi para Barcelona fazer um treinamento para uma nova tecnologia de costura. Voltou como instrutora convidada pela companhia.
“Eu costumo dizer que sou próxima a zero em habilidade em costura, mas sei ensinar. Eu não sei costurar, mas sei ensinar a costurar”, diz. Em 1984, Sônia voltou à Dudalina. Cuidava dos clientes corporativos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em 2003, apesar da forte influência dos irmãos no negócio, assumiu a presidência da empresa. “Vou escrever um livro ‘estrogênio versus testosterona’. Eu cresci em uma família cheia de irmãos e sei como é conviver com meninos”, diz.
Em 2010, a Dudalina dediciu investir com mais fôlego no negócio de lojas próprias – deve encerrar o ano com 69 unidades. A chegada ao universo feminino, com uma linha de camisas só para elas, também acelerou a expansão. “Sonhe um sonho pronto. Se você quer uma casa pense no que você vai viver dentro dela, em todos os cômodos, nas cores, nos móveis. Assim é mais fácil de fazer”, afirmou a presidente.
Fonte: Revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios, 12/11/2012.
http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI323842-17180,00-AS+HISTORIAS+DE+TRES+MULHERES+EMPREENDEDORAS.html
x