Bento Koike apostou na
energia eólica, criou a segunda maior fabricante do ramo no planeta e
sonha como um Brasil cada vez mais limpo.
Sustentabilidade e energia limpa foram as grandes turbinas da Tecsis.
Koike, por sua vez, é o seu porta voz, um espelho dessa forma engajada
de empreender por duas causas: o planeta e as pessoas. Nesta entrevista
para o time da Endeavor Brasil, confira as lições de uma trajetória
exemplar que está muito longe de terminar.
A energia eólica ainda não era muito conhecida no Brasil quando a Tecsis começou. Como foi o início?
“No começo, cada passo que íamos dar era uma questão de sobrevivência –
e não tem nada mais motivador do que trabalhar assim. Não tinha ninguém
fazendo o que fazíamos, tivemos que criar do zero. Não tinha nem como
copiar ninguém, não dava nem pra olhar do lado. Ou fazíamos o que
tínhamos que fazer ou estávamos mortos. Mas sabíamos que íamos exportar
muito quando o negócio começasse a dar certo.”
Após a faculdade, você caiu no dilema se empreendia ou não? O que te impulsionou?
“Eu nunca me deparei com essa dúvida ‘se vou empreender ou não’. Acho
que veio do meu pai, que tinha uma empresa. Eu fiquei muito tempo
trabalhando com ele e foi minha primeira escola. Trabalhava com cliente,
na produção, comprava coisas. Esse embalo me fez não ter dúvidas: eu
queria empreender. Mas isso não é muito comum. Eu, aliás, vejo uma
deficiência nas escolas hoje em dia. Acho que as escolas do Brasil
deviam estar mais voltadas a estimular o espírito empreendedor.”
O Brasil tem potencial para produzir mais com energia eólica?“O Brasil tem o melhor vento do mundo, principalmente na região nordeste. Se você pegar uma turbina eólica lá da Alemanha e trouxer para o Ceará ou para a Bahia, vai gerar três vezes mais energia pelo mesmo custo. A energia eólica está crescendo e o Brasil é considerado um dos lugares mais promissores do mundo. Por termos muita hidrelétrica, é possível suprir a produção quando não tiver muito vento, acumulando água, e fazendo um revezamento.”
A Tecsis, hoje, é uma referência no mundo todo. Mas o que você sonhou no início e o que você sonha hoje?
“Não vou dizer que foi algo lindo, do tipo ‘um dia, eu tive uma visão’
ou coisa do gênero. Eu não tinha a menor ideia de onde eu ia parar. A
gente chegou hoje onde está pelas oportunidades. Chegamos e fomos
avançando. Mas tivemos momentos complicados, vários. Daqui pra frente,
meu desafio pessoal é ter as pessoas cada vez mais vibrantes e alinhadas
com os objetivos da empresa. Uma empresa bem sucedida tem que ter uma
alma e pessoas felizes se desenvolvendo. Tem muita gente por aí que tem
um discurso bonito, mas não trabalha nisso efetivamente.”
Você sempre almejou ser um ator relevante para a mudança do panorama mundial de produção de energia?
“Meu trabalho de graduação foi um projeto sobre energia eólica. Pessoalmente, produzir formas limpas foi um drive
meu. O desafio é fazer 6 mil pessoas [na Tecsis] ficarem motivadas por
uma causa, sentindo que estão fazendo a diferença para o planeta.
Estamos longe ainda, mas a palavra que define melhor isso é privilégio. Eu tenho o privilégio de estar nesse setor, criar empregos e estar associado a uma causa dessas. Não tem preço.”
Como é trabalhar com gente de seu país? O que o brasileiro tem de diferente?
“A gente sente o lado positivo de ser uma empresa brasileira – as
pessoas. O brasileiro tem coisas muito legais. Fora a criatividade e
garra que sempre tivemos em nosso pessoal, uma das coisas mais
diferenciais do brasileiro é ser aberto às outras culturas. Percebi como
nossas equipes se sentiam bem e como as outras, de outros países,
também quando vinham aqui. Por exemplo, uma vez a GE [General Electric]
comprou uma empresa alemã e eles não conseguiram trabalhar juntos. Na
época, nós éramos a ponte entre eles, porque os americanos e os alemães
não se davam bem. Nossa capacidade de buscar soluções fora da caixa e
nos adaptarmos é incrível.”
O que é empreender para você?
“Empreender é curtir muito encontrar uma solução para algo que está te
importunando. Se essa é uma solução que você bolou, que você não copiou,
ela é o grande incentivador do espírito empreendedor. É curtir tanto o
que você faz que você é capaz de não dormir, ansioso para ver aquilo que
você fez dando certo. E, quando dá certo, você sente algo
incomparável.”
Fonte: Endeavor MAG, 26/05/2012.
http://endeavor.org.br/endeavor_mag/start-up/aprendendo-a-ser-empreendedor/empreender-e-encontrar-solucoes
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