quarta-feira, 27 de março de 2013

Como estar no lugar certo, na hora certa

Entenda a importância de estar no lugar certo quando os clientes buscam pela sua empresa e a influência disso no resultado das vendas

Em 2005, a primeira página do Wall Street Journal dava a notícia de que a Procter & Gamble havia criado um novo cargo executivo, colocando Dina Howell, uma veterana de 20 anos de empresa e estrategista sênior de marketing responsável pelo setor que a P&G chamou de primeiro momento da verdade.
Esse primeiro momento da verdade (ou FMOT, da sigla first moment of truth, em inglês) é quando o consumidor está na sua loja, olhando para o seu produto, seus preços e comparando você com a concorrência.
Nesse momento, no caso da P&G, todos estão em uma prateleira e, nessa pequena fração de segundos, as pessoas tomam a decisão de comprar você ou seu concorrente.
A P&G sentiu que esse era uma parte tão importante do processo de compras e um cliente que precisava que alguém cuidasse disso.

O momento zero da verdade

Hoje, entretanto, o primeiro momento da verdade tem sido usurpado pelo que o Google chama de momento zero da verdade (ou ZMOT, da sigla zero moment of truth, em inglês).
Isso significa que, mesmo antes do cliente chegar à sua loja, ou talvez enquanto ele está na loja e se aproximando da prateleira do supermercado, ele provavelmente vai procurar o produto que está tentando encontrar, tentando rever suas especificações e características, compará-los com outras marcas e produtos e estudar as opiniões disponíveis e até mesmo consultar a opinião de amigos em suas redes sociais.
Em suma, os consumidores passaram a comprar muitos produtos, todos os dias com o mesmo hábito de consumo, sejam os produtos mais baratos (como sabonetes e pastas de dentes), até os mais caros (como carros, casas e apartamentos).
Nas pesquisas, de 70% a 80% dos consumidores americanos afirmam que verificam os comentários dos produtos antes da compra, fazem pesquisas online sobre os produtos depois de um anúncio na TV e usam um smartphone durante o processo de compra em si.
Esses são eventos ZMOT que representam um campo de batalha totalmente novo para o marketing, publicidade e promoção.
Entenda como o momento zero da verdade influencia em seus negócios
Entenda como o momento zero da verdade influencia em seus negócios.

O impacto do ZMOT

A questão que a sua empresa precisa se perguntar, e responder é: a sua marca está adequadamente representada quando o cliente primeiro quer saber sobre você?
Você está lá quando o cliente pede?
Jim Lecinsky, vice-presidente de vendas e serviços do Google nos EUA escreveu um breve, mas extremamente útil, guia sobre “Como Vencer o Momento Zero da Verdade – ZMOT” detalhando as suas perspectivas pessoais e do Google sobre a melhor forma de estar lá quando os clientes quiserem encontra-lo.
Apoiado por uma pesquisa feita pelo próprio Google, o livro mostra passo-a-passo que uma empresa precisa tomar para garantir que a sua marca aparece da maneira correta nos resultados de busca de um cliente, recebe críticas e menções positivas de outros clientes e oferece uma mensagem de venda mais persuasiva para clientes em torno da compra.
Entre outras coisas, os pesquisadores do livro documentaram o quão rapidamente a combinação de smartphones e mídias sociais estão transformando o mundo e as vendas.

O Google é um comportamento padrão

ZMOT: o Livro. Clique aqui para baixar.
ZMOT: o Livro. Clique aqui para baixar.
Em 2011, por exemplo, a média de consultas antes de se decidir por uma compra era de 10 fontes de informação, contra 5 fontes consultadas em 2010. Hoje, todas as pessoas online consultam pelo menos alguma informação antes de comprar algo às cegas.
Além disso, o percentual de consumidores que consultam as redes sociais (ou seja, a opinião de amigos e outras conexões) antes da compra duplicou durante o período da pesquisa (2010 e 2011), passando de 19% para 37%.
Na minha opinião isso se encaixa muito bem com a proliferação dos smartphones e é a mais uma prova para a demanda crescente de ferramentas de monitoramento e filtros sociais.
As principais atividades sociais online monitoradas pela pesquisa do Google incluem:
  • Obter uma referência online de um amigo.
  • Tornar-se amigo, ou seguidor de uma marca.
  • Ler blogs e fóruns onde o produto foi discutido.
  • Ver menções sobre a marca em redes sociais.
Você pode pensar que a pesquisa do cliente ainda é feita apenas considerando grandes compras, mas isso é um grande equívoco.
A verdade é que os consumidores de hoje fazem pesquisas desde as menores compras.
A decisão de compra de um produto de lavanderia pode demorar mais do que decidir o lugar para passar as férias, mas as pessoas estão investindo seu tempo investigando abas as decisões.
Lecinski enfatiza que o advento do smartphonetablets e dispositivos móveis também têm mudado drasticamente o caráter das buscas online das pessoas para obter informações.
Por exemplo, enquanto 20% das buscas em todo o Google são locais, 40% das buscas móveis são locais.



O que você precisa aprender com isso

Ao estar no topo dos resultados de busca, você permite que as pessoas consigam encontrar você ainda mais facilmente. No mobile, uma queda da primeira para a quarta posição pode reduzir a sua taxa de cliques em 90%.
Apesar de parecer um assunto batido e já passado, o ZMOT ainda é ignorado por grande parte de micro, pequenos empreendedores e profissionais liberais.
Porém, é a internet hoje a grande influenciadora de compras e, a pesquisa pela reputação de uma empresa já se tornou um hábito entre os brasileiros.
A conclusão que podemos tirar com isso é: a sua empresa, seja ela pequena ou grande, precisa estar lá na hora que alguém pesquisa sobre você, preferencialmente com elogios ao seu trabalho.
Caso contrário, se a concorrência, ou as suas reclamações no ReclameAqui aparecem na sua frente, é um péssimo sinal.
A lição de casa é: aprenda a cuidar da sua imagem e reputação online da mesma maneira que você cuida do seu PDV e da fachada da sua loja.

Fonte: Jornal do Empreendedor, 27/03/2013.

http://www.jornaldoempreendedor.com.br/destaques/como-estar-no-lugar-certo-na-hora-certa

10 dicas de finanças para quem está abrindo um negócio


Você já tem uma ideia em mente, recurso financeiro (ou sabe como consegui-lo) e está pronto para empreender? A saúde financeira do seu negócio é crucial para fazê-lo dar certo

Por isto, separamos 10 dicas de finanças para auxiliá-lo na abertura do seu negócio. Confira:

1. O negócio é seu, as finanças da sua empresa não

Saiba separar o pessoal dos negócios, principalmente quando se tratar das finanças. Abra uma conta corrente e tenha um cartão de crédito, se necessário for, exclusivamente para seu empreendimento. Isto facilitará o controle das contas a pagar e a receber, garantindo o total controle do seu fluxo de caixa.
Para evitar confusões não comprometendo o desenvolvimento da sua empresa ou se endividando com as contas do mês, considere reservas financeiras também distintas: capital de giro para investimentos conforme previsto em seu plano de negócios e um montante para arcar com suas despesas pessoais à parte pelo mesmo período.

2. Tenha todos os custos na ponta do lápis

Você passou horas amadurecendo a ideia antes de efetivamente abrir seu negócio. Analisou cada detalhe, montou um plano de ação. Faça o mesmo com os custos da abertura até, no mínimo, os próximos 12 meses ou o tempo previsto até o seu empreendimento chegar ao grau de maturidade.
Desde o primeiro dia do negócio, utilize um software para controle de finanças empresariais. Contemple os custos diretos, indiretos, fixos e variáveis. Se você não puder controlar os custos utilizando uma plataforma mais profissional, comece ao menos utilizando uma planilha e lembre-se de registrar nela toda e qualquer transação.
Não esqueça de englobar os juros e encargos de empréstimos, caso os tenha feito, e a sua remuneração dos funcionários da sua folha de pagamento. Faça ajustes sempre que necessário para que seu orçamento permaneça atualizado. Isto o ajudará a identificar as despesas de médio e longo prazo, além de distingui-las das pessoas.

3. Evite papéis

Controlar sua empresa utilizando papéis significa a necessidade de arquivos físicos e exímia organização, ou seja, mais espaço e mais tempo dependido: custo!
Com o avanço tecnológico e a internet, as transações financeiras se adequaram ao on-line. Hoje é possível efetuar pagamentos, transferências, gerar e enviar faturas de cobrança e controlar a movimentação bancária da sua empresa sem filas, estresse ou perda de tempo.
Também acompanharam esta evolução os documentos fiscais. Notas fiscais ganharam exigências por um formato eletrônico. Desta forma, mantenha pastas organizadas por tipo de transação, ano e mês de vencimento em seu computador e não se esqueça do backup diário. Acessibilidade aos dados é trivial para facilitar a gestão e o controle total das finanças do seu negócio.

4. Estoque é dinheiro parado

Se você enxerga seu estoque como um mero local para armazenagem de mercadorias, você está fazendo isto errado.
Estoque é dinheiro já investido e parado. Claro que você quer dar vazão a este. Mais que isto, é preciso entender que o seu estoque, quando devidamente controlado, é um ativo de inteligência para o seu negócio, funcionando como um termômetro de investimento: produtos com saída lenta ou em pouca quantidade devem ter seu plano marketing e vendas revisto ou devem ser descontinuados (e o inverso também é verdadeiro). Com isto será possível otimizar as vendas e crescer o seu faturamento.

5. Alinhe as contas a pagar e a receber

Existem as datas em que contas devem ser pagas e as de recebimento dos pagamentos pelas vendas efetuadas. Manter o alinhamento entre estas contribuirá com a precisão seu caixa mantendo-o estável (atenção: isto não necessariamente está relacionado ao lucro).
Para isto, além de efetuar pagamentos em dia, cuidados como a avaliação da capacidade de pagamento dos seus clientes é primordial. Antes de concretizar a venda, realize as consultas de crédito padrões (CPF ou CNPJ junto aos órgãos de crédito), avalie as formas e prazos de pagamento (principalmente neste início) e não se deslumbre com grandes pedidos de novos clientes (estes casos requerem mais atenção e, por isto, dê preferência aos pagamentos à vista).
Com o tempo e ganho de confiança você saberá quem pode ter um diferencial no pagamento, seja um maior desconto ou prazo de pagamento. Até lá, além do alertado, tenha uma sobra para cobrir possíveis atrasos, evitando gastos não programados como juros e outras taxas.

6. Fluxo de caixa: sobrar ou faltar é diferente de lucrar ou ter prejuízo

O fluxo de caixa é um controle essencial para acompanhar a evolução do seu negócio através de entradas e saídas por um dado período (o ideal é um controle e análise diários, mas fica a seu critério e modelo de gestão esta periodicidade).
Com este instrumento gerencial é possível ter controle e acesso a informações de toda a movimentação financeira da sua empresa, uma vez que este engloba contas a pagar, a receber, de vendas, de despesas, de saldo de aplicações e todas as demais movimentações de recursos da sua empresa.
Uma análise criteriosa deste fluxo auxilia a maximização do ROI e previsão de sobras e faltas de recursos (dinheiro) para o seu negócio, o que não é necessariamente considerado lucro ou prejuízo.
Dinheiro parado não rende. Por isto, resultados positivos (sobra), quando de fato são analisados todos os custos, devem ser aplicados ou investidos, antecipando o planejamento de médio prazo, por exemplo. Para isto, seu controle de estoque e de vendas serão grandes aliados indicando em que investir.
Já os resultados negativo servirão como sinalizadores para modificação de ações para reverter resultados.
Apenas a longo prazo será possível verificar se esta sobras ou faltas representam lucros ou prejuízos reais. Por isto, fique de olho no fluxo do seu caixa com foco na análise dos resultados. Identificar onde, como e por que seu caixa apresentou resultados positivos ou negativos direcionará o seu negócio.

7. Conte com orientações de um profissional de finanças

Se você não é um profissional da área de finanças, não tem um sócio com esta expertise ou um amigo disposto a auxiliar nestas questões, contrate.
Ter o máximo de orientações de um contador ou administrador é um investimento fundamental para evitar surpresas fiscais e manter seu plano de contas em dia sem se preocupar com o leão.

8. Conheça os aspectos legais para a sua empresa e do seu ramo de atuação

Verifique os aspectos legais necessários para o funcionamento da sua empresa conforme o seu ramo de atuação.
Ter conhecimento sobre tipos de sociedade, registro de contrato social,marcas e nome da empresa, tributação, alvarás e licenças para funcionamento, planejamento trabalhista e cadastros na Receita Municipal, Estadual ou Federal pode evitar dores de cabeça e custos não planejados.

9. Trabalhe com metas e defina indicadores de desempenho

Você sabe aonde quer chegar. Para acompanhar as evoluções do seu negócio, estabeleça metas periódicas para cumprir o planejamento financeiro e defina indicadores de desempenho financeiro para acompanhar o retorno no investimento (ROI).

10. Aja sempre com planejamento

Planejar e avaliar deve fazer parte de um ciclo contínuo para você. Não conte com a fé de que amanhã um cliente pode pagar o que está atrasado ou que um novo pedido de compra chegará para salvar o mês. Isto poderá se tornar uma bola de neve e comprometer o seu negócio.
Por isto, um plano de negócios com um plano financeiro bem desenhado é a melhor forma de não passar apertos e prejudicar o crescimento da sua empresa. Conte com profissionais para fazer ou revisá-lo. Ter controles efetivos o auxiliará nas tomadas de decisão e dará mais segurança para investir.
Seguir estas dicas ajudará no crescimento sustentável do seu empreendimento, além de uma visualização sistêmica do negócio. Planejamento feito e instrumentos de controle preparados? Mãos à obra!

Fonte: Jornal do Empreendedor, 27/03/2013.

http://www.jornaldoempreendedor.com.br/destaques/10-dicas-de-financas-para-quem-esta-abrindo-um-negocio

terça-feira, 26 de março de 2013

Empreendedores com funcionários têm maior sucesso


Segundo pesquisa lançada pela Endeavor Brasil, esses 4% da população brasileira têm maior renda mensal e são mais escolarizados.
Empreendedores com funcionários correspondem a 4% da população brasileira, revela estudo sobre a cultura empreendedora no Brasil, realizado pela Endeavor Brasil com o apoio da Ibope Inteligência. Além disso, essa é a parcela populacional com maior sucesso profissional e mais escolarizada. Em geral, inicia os negócios por oportunidade e sonha grande, e, portanto, alcança rendas maiores. Como mostra a pesquisa, a renda familiar desse perfil de empreendedor é a mais alta entre todos os brasileiros: R$ 3.410,02, contra R$ 1.648,81 dos empreendedores sem funcionários.

Quanto à escolaridade, 24% dos empreendedores com funcionários completou o ensino superior, enquanto a média dos empreendedores em geral é de 16%. Este dado demonstra, segundo a pesquisa, que diferentes perfis de empreendedores têm diferentes necessidades educacionais. Como apresentam níveis mais elevados de formação e uma vida mais estável,empreendedores com funcionários demandam conselhos mais estratégicos sobre crescimento. Por outro lado, empreendedores sem funcionários ou informais enfrentam problemas menos complexos – por isso, enquanto não atingem o estágio seguinte, se satisfazem com treinamentos mais elementares.
Ainda assim, empreendedor ou não, formal ou informal, o brasileiro tem um grande déficit educacional a suprir. Isso fica evidente quando são relacionados os principais problemas do cotidiano empreendedor. Entre os quatro maiores problemas enfrentados pelos empreendedores brasileiros, três estão ligados à falta de conhecimento, principalmente nos quesitos: gestão de pessoas, fluxo de caixa e como administrar um negócio. Outra informação divulgada na pesquisa é que muitos acreditam que o empreendedorismo é algo intrínseco e particular e, portanto, colocam o preparo e o treinamento em segundo plano. Praticamente todos os empreendedores afirmam conhecer o SEBRAE e o Sistema S (SENAC, SESI e SESC), mas apenas 46% dos proprietários de negócios formais já teve algum tipo de relacionamento com SEBRAE. O mesmo percentual fica em 31% entre os informais.
A pesquisa mapeou ainda os principais perfis de empreendedores e potenciais empreendedores no pais, destacando nove tipos, detalhando suas características mais relevantes e diferentes maneiras de apoiá-los. Entre os empreendedores formais, destacam-se quatro perfis:
Apaixonado: a maioria é mulher, entre 25 e 35 anos. Em geral, possui empresas nas áreas de saúde, estética e venda de acessórios. Enfrenta dificuldades burocráticas e falta de investimento. Poderia se beneficiar de cursos sobre acesso a capital, inovação e networking.
Antenado: geralmente jovem e com maior renda familiar. Enfrenta obstáculos de conhecimento e investimento. Necessita de mentoring e coaching, além de ajuda com recursos humanos.
Independente: empreendedor mais maduro e estável. Não acessa muito a Internet, portanto precisa de conteúdo por meio de revistas e ou jornais. Para resolver problemas financeiros, requer educação sobre linhas de financiamento e oportunidades de acesso a capital.
Arrojado: a maioria é comporta por homens com maiores rendas pessoal e familiar. Para crescer, precisaria de ajuda sofisticada e mentoring/networking com especialistas para resolver problemas de conhecimento empresarial, obstáculos financeiros e pessoais.
Além desses, a pesquisa traz ainda os perfis possíveis daqueles que querem ser empreendedores, mas ainda não são, e os representantes dos empreendedores informais. O intuito da pesquisa, ao mostrar o quanto empreendedores e empresas são heterogêneos, é que as instituições de apoio ao empreendedorismo pensem em produtos e serviços mais focados e ofereçam um apoio adequado a cada grupo.

Fonte: Endeavor MAG, 26/03/2013.
http://www.endeavor.org.br/endeavor_mag/estrategia-crescimento/cenarios-e-tendencias/empreendedores-com-funcionarios-tem-maior-sucesso

segunda-feira, 18 de março de 2013

Talentos femininos transformam o empreendedorismo


Grandes mudanças no cenário empreendedor brasileiro devem-se à presença feminina no mercado.
À luz de alguns dados, pode-se perceber uma nova e marcante presença na cena empreendedora, que está mudando as características desse mercado. Uma pesquisa realizada pela Endeavor em 2011, a primeira no mundo sobre empreendedores inovadores que considerou diferenças entre gêneros, mostra que empresas inovadoras e de alto crescimento lideradas por mulheres têm mais facilidade em atrair e reter talentos, item considerado o maior entrave de qualquer empreendedor.
“É preciso que as instituições de fomento aprendam a lidar com o jeito diferente de fazer negócios das mulheres. Afinal, um levantamento recente do Global Entrepreneurship Monitor mostrou que 51% dos empreendedores brasileiros são do sexo feminino”, diz Amisha Miller, gerente de pesquisa da Endeavor.
Outro dado relevante apontado pela pesquisa indica que as mulheres agregam mais inovação do que os homens ao setor de serviços, área que representa cerca de 60% do PIB do Brasil. “O IBGE mostra que o setor de serviços é o maior gerador de empregos formais do país. Em uma área em que as mulheres mais inovam, é natural esperar que elas tenham um potencial maior de crescer rapidamente”, observa Amisha.
A experiência de Lucy Onodera, diretora geral daOnodera, rede de clínicas de estética corporal e facial, sustenta a afirmação. Motivada pelo exemplo de sua mãe, que começou a empreender 30 anos atrás, “quando eram pouquíssimas as mulheres em posições de liderança”, ela se envolveu aos 19 anos com os negócios da família e hoje, aos 31, entende que as mulheres têm uma sensibilidade maior para lidar com o cliente, entendê-lo e até “paparicá-lo, às vezes, quando necessário”. E, por mais que Lucy alegue reservas quanto à diferenciação de gêneros, atualmente, 80% de sua rede é administrada por mulheres.
O mesmo acontece na Kapa+ Ecoembalagens, empresa de embalagens ecológicas fundada por Karla Haidar, onde todos os cargos de chefia são ocupados por mulheres. “Apenas o contador e o motorista são homens”, compartilha a empreendedora. “Temos uma facilidade maior para organizar muitas coisas ao mesmo tempo, algo que muitos homens não têm. Talvez por causa de todo o histórico de funções que a gente acumulou”, completa, ao ser questionada sobre a característica mais positiva de suas gestoras.
Para ela, a maior dificuldade está em equilibrar o modelo tradicional de estrutura familiar com a dedicação no trabalho. “Elas são as chefes em casa também, então acabam acumulando as funções ‘do homem’ no trabalho e ‘da mulher’ no lar. O desafio está em passar por tudo isso sem perder a essência, a feminilidade”. E pondera: “Esta não é uma disputa com os homens pelas oportunidades, é uma conquista de espaço”.
Na visão de Maristela Mafei, sócio-fundadora do Grupo Máquina, a grande transformação se deve à mudança de atitude das mulheres das novas gerações, que se preparam cada vez mais para o mercado. “Elas estão mais aptas a se qualificar, em número mais significativo fazendo MBA, recorrem mais aos programas de bolsas de estudo e pesquisa do governo e da iniciativa privada, buscam mais oportunidades de empreender. Estamos assistindo a uma mudança cultural muito grande”, ressalta.
Ela aponta essa característica como uma tendência cada vez mais marcante das novas gerações. “Eu sou da geração 1.0 de empreendedoras. Na época em que eu abri a Máquina, estava na minha quarta empresa. Já tinha empresas, marido, filhos e casa para tocar. Hoje, noto as meninas executivas e empreendedoras da geração 3.0 muito mais criteriosas para fazerem escolhas para si mesmas”, completa.
Uma transformação pontual, segundo Maristela, é a maior valorização da área de comunicação nas empresas, um setor predominantemente ocupado por mulheres. “Até um passado recente, principalmente dentro das grandes corporações, a comunicação não era vista como corebusiness, mas como apoio secundário a outras áreas. (...) Talvez a valorização da área com o passar dos anos tenha a ver justamente com o fato de estarem ocupadas por mulheres, quem sabe”, defende a comunicadora.
Além disso, no que diz respeito ao mercado de trabalho em geral, a avaliação de Maristela é de que, hoje, quando se abre uma vaga de CEO ou de vice-presidente, já é possível ver ao menos uma mulher disputando para dois ou três homens. “Cerca de cinco anos atrás não se via isso”, garante.
Existem, no entanto, tendências que revelam outro cenário. De acordo com um estudo realizado pela agência norte-americana Maternal Instinct, embora elas representem 80% do mercado consumidor, apenas 3% dos cargos criativos são ocupados por mulheres. Uma das razões apontadas para isso é a dificuldade das empresas em proporcionar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Enquanto isso acontecer, desdobra a pesquisa, as mulheres continuarão sendo levadas a fazer esse tipo de escolha, e o mundo permanecerá desprovido de seus talentos particulares.

Fonte: Endeavor MAG, 15/05/2013.
http://www.endeavor.org.br/endeavor_mag/estrategia-crescimento/cenarios-e-tendencias/talentos-femininos-transformam-o-empreendedorismo

quinta-feira, 14 de março de 2013

Modelos de negócios: por que os administradores estão tão atrasados?


Não ache que o que você aprenderá na faculdade ou na pós-graduação será o suficiente, pois não é


Shutterstock

Acabei de terminar e leitura do Best Seller Business Model Generation: inovação em modelos de negócios, escrito por Alex Osterwalder, Yves Pigneur e mais 470 coautores que trabalharam de maneira colaborativa via internet. Tal obra descreve o modelo Canvas (clique aqui para ler um resumo completo sobre esse modelo), um dos mais famosos e comentados ultimamente, isso dentro das comunidades de negócios é claro, porque garanto que nem 10% dos alunos de administração e MBA ouviram falar de tal obra em suas salas de aula, fato esse que comento adiante.
O livro por si só é sensacional, faz jus a fama que tem. Seu design é lindo e muito bem organizado, dentre os seus detalhes, seu formato retangular, seus capítulos separados por cores e suas fotos, fontes e desenhos dão a essa obra um valor único. Nele não há miséria de cores e nem de fotos em sua impressão, algo comumente visto em 90% como dos livros de negócios que existem no mercado, ansiosos por uma economia de custos.
Entretanto, apesar de toda sua fama e utilidade, já demonstrada por meio de inúmeros depoimentos e cursos existentes, tal método ainda é desconhecido por boa parte dos recém-formados na área de negócios, tantos os de graduação quanto os de pós-graduação. Mas por que esse atraso?
Para quem está lendo este texto, fica o aviso. Não ache que o que você aprenderá na faculdade ou na pós-graduação será o suficiente, pois não é. Está mais do que provado que na área de negócios os alunos já se formam com o conteúdo defasado, ficando por sua conta atualizar-se perante as novidades do mercado.

“O maior obstáculo para a inovação de Modelos de Negócios está nas pessoas que resistem a qualquer mudança até que um problema surja e precise ser corrigido”
Em minha visão, há duas prováveis opções:
1 - Os professores estão poupando seus alunos, pois entendem que os mesmos ainda não estão preparados para aprender algo novo e complexo, fato até que compreensível para alunos de graduação, mas inadmissível para alunos de pós-graduação.
2 - Os professores pararam no tempo, limitando-se a ensinar modelos aprendidos há décadas atrás, como o Modelo das 5 forças de Porter ou a Matriz BCG, o que é pouco, muito pouco mesmo, para preparar nossos futuros administradores para esse mercado dinâmico, ágil e competitivo de hoje.
Digo isso porque acabo de terminar meu MBA em Marketing, que foi aprovado com o selo “TOP MBA’s” da revista Você S/A, tendo aula com doutores da FGV e ESPM e asseguro que em nenhum momento foi abordado qualquer comentário sobre o livro, mesmo este tendo sido escrito originalmente em 2010, com tradução para o português em 2011.
“O maior obstáculo para a inovação de Modelo de Negócios não é a tecnologia: somos nós, humanos e instituições nas quais vivemos”
É por isso que afirmo que nesses 2 anos de MBA aprendi muito mais lendo livros, blogs e portais de notícias do que propriamente dentro da sala de aula. Dela só aproveitei mesmo as amizades, 95% do que foi me ensinado lá eu não poderia aprender por conta própria, é claro que demandaria muito mais esforço, mas aprenderia.

Finalizo o texto com uma frase, que na visão do autor, melhor descreve o porquê desse modelo de negócios ainda não ser estar sendo adotado por grande maioria das empresas:
“As companhias mais bem-sucedidas frequentemente ficam cegas pelo “é assim que as coisas são feitas aqui” ou pelo “se não estiver quebrado, não conserte”, e não enxergam o surgimento de Modelos de Negócios Inovadores”.


Fonte:  Administradores.com, 13/03/2013.

http://www.administradores.com.br/artigos/administracao-e-negocios/modelos-de-negocios-por-que-os-administradores-estao-tao-atrasados/69288/

quarta-feira, 13 de março de 2013

O poder da autoconfiança


Com este domínio, desenvolvemos a liberdade e a autonomia para arriscar, ir até os limites e fazer as mudanças necessárias em qualquer lugar.
A história a seguir é real e gosto muito de contá-la, pois mostra a importância da autoconfiança no desenvolvimento da carreira e conquista do seu espaço. Uma média empresa de consultoria de São Paulo, com aproximadamente 200 funcionários, realizava a cada duas semanas uma reunião geral com todos os seus 8 diretores. Um deles chamava-se Getúlio e era conhecido entre os colegas como ‘o mala’. Ninguém gostava dele porque ele tinha a mania de procurar ‘pelo em ovo’, ou seja, quando o grupo já tinha tomado uma decisão, ele sempre levantava um ponto: “Acho que não discutimos isso o suficiente” e fazia todo mundo voltar a debater o assunto. Uma reunião com o Getúlio levava sempre mais tempo, até uma hora a mais. Getúlio, ‘o mala’.
Nesta época, eu dava consultoria para esta empresa e uma vez um dos sócios me disse que pensava em dispensar o Getúlio. Perguntei por que ele faria isso e ele respondeu laconicamente: “Não precisamos de gente como ele aqui. Precisamos de pessoas que jogam junto, como um time e não do contra, como ele”. Então, fiz outra pergunta: “Alguma vez o Getúlio levantou uma questão que, depois de discutirem mais, vocês mudaram a decisão e a nova decisão acabou se provando melhor?” Ele respondeu que sim, inclusive mais de uma vez.
“Bem”, completei, “acho que o Getúlio é a pessoa mais importante que você tem na sua equipe". Ele parece ser o único que não se sujeita a votar pela maioria. Ele tem uma opinião própria e não tem medo de manifestá-la e lutar por ela. Isso é raro nas empresas. Normalmente as pessoas têm medo de serem diferentes, ou pior, não conseguem enxergar o que está na cara delas. Quando você encontra uma pessoa que vê o que ninguém viu, precisa mantê-la a todo custo, pois ela pode abrir os olhos de quem só tem uma visão da coisa.
Ele refletiu e acabou cedendo ao meu argumento. Getúlio continua lá, depois de quase 10 anos deste episódio. Mas a história não acaba aqui. Há dois meses encontrei o Getúlio e fomos tomar um café. Ele está muito contente na empresa, como responsável pela área de novos produtos. Apenas neste momento mencionei o que havia acontecido naquela ocasião. Ele ficou espantado, não sabia de nada e me agradeceu muito. Então, perguntei a ele: “Você não tem medo de ficar falando as coisas assim, na lata, sem se importar se vai agradar ou não? E se eu não estivesse lá? E se eu não intercedesse a seu favor? Você poderia ter perdido o emprego!”. A resposta foi surpreendente e representou uma grande lição para mim:
“Sabe o que é, Marcos? Eu não estou muito preocupado com emprego, não. Posso ter muitos defeitos, mas sou muito bom no que faço. Sei disso porque já recebi muitas ofertas para ir para o concorrente. Se eu tivesse perdido o emprego, sei que no dia seguinte já estaria empregado de novo, talvez até com um salário melhor. Só que eu gosto daqui, me sinto bem com as pessoas, sei que posso fazer a diferença e é exatamente por me importar que quero continuar.”
Trocamos mais algumas ideias e nos despedimos com o compromisso de mantermos contato. Enquanto via ele sair, pensei em como é importante o autoconhecimento, saber do que somos capazes, conhecer nossas limitações e potencialidades. É com este domínio que desenvolvemos a autoconfiança que nos dá liberdade e autonomia para arriscar, ir até os limites e fazer as mudanças necessárias em qualquer lugar.

Fonte: Endeavor MAG, 13/03/2013.
http://www.endeavor.org.br/endeavor_mag/gente-gestao/desenvolvimento-de-lideranca/o-poder-da-autoconfianca

terça-feira, 12 de março de 2013

Na Etiópia, crianças analfabetas aprendem sozinhas a hackear tablets

Reprodução/MIT Technology Review

Antes de disseminar a tecnologia é necessário levar alimentação, saúde e alfabetização às comunidades carentes, certo? Não. A inclusão digital, quando bem feita, pode ajudar a dar cabo dos demais problemas - e nem precisa de tanto esforço assim.


Pesquisadores do programa One Laptop Per Child (OPLC) distribuem gadgets gratuitamente em 40 países ao redor do mundo, e em muitos locais são úteis para facilitar o trabalho dos professores junto aos alunos. Mas em duas aldeias etíopes - Wonchi e Wolonchete - não existiam professores. Nem sequer um adulto alfabetizado.

Ainda assim, duas caixas com tablets da marca Motorola, modelo Xoom, foram deixadas nas aldeias. Embora o sistema formal de escrita nunca tenho passado por lá, isso não impediu as crianças de desenvolverem habilidades impressionantes com os aparelhos. Em pouco tempo elas estavam fazendo hacking - ou seja, adaptando a tecnologia em seu favor.

Os pesquisadores deram algumas orientações aos adultos apenas para usar o carregador solar nos aparelhos, que já estavam com aplicativos pré-instalados - desde jogos educativos até filmes. Os resultados foram impressionantes: em 4 minutos as crianças já sabiam ligar e desligar os aparelhos - algo que eles nunca tinham visto. Em duas semanas, já sabiam soletrar o alfabeto, e promoviam disputas.

Ao final de cinco meses, já com domínio completo sobre o funcionamento da tecnologia, elas conseguiram habilitar a câmera, que havia sido deixada desabilitada por padrão. E à medida em que uma delas aprendia algo sozinha, compartilhava imediatamente com as demais, que a partir da nova descoberta, encontrava mais coisas.

Conclusão: quer ver o desenvolvimento acabar com as fome e as desigualdades sociais:? Compartilhe tecnologias e aprendizados.


Fonte: Administradores.com, 11/03/2013.

http://www.administradores.com.br/noticias/tecnologia/na-etiopia-criancas-analfabetas-aprendem-sozinhas-a-hackear-tablets/73937/


segunda-feira, 11 de março de 2013

O que as mulheres querem



Somos capazes de criar projetos grandiosos, mas ainda temos espaços para ocupar por Sônia Hess de Souza






Sou filha de uma grande empreendedora. Adelina Hess de Souza, minha mãe, transformou uma dificuldade em oportunidade de negócio. Fundou, em 1957, a Dudalina, uma companhia que hoje emprega mais de 2.000 pessoas. Tudo começou por acaso. Ela já tinha seis filhos quando meu pai comprou um grande lote de tecido para a loja que os dois administravam na cidade de Luis Alves, no interior de Santa Catarina. A mercadoria encalhou, e ela decidiu fazer camisas para vender.

A empresa cresceu, sempre com a minha mãe no comando. Depois de fundar a Dudalina, ela teve mais dez filhos. Isso não a impediu de continuar empreendendo. Era multitarefa antes de o termo entrar na moda. Mulheres como a minha mãe não desistem diante das dificuldades. Elas conseguem ver além dos problemas e enxergar as oportunidades. Esse é o espírito que todo empreendedor precisa ter.

Com minha mãe, também aprendi que precisamos ter a preocupação de gerar impacto social com o nosso trabalho. Hoje sou jurada do prêmio Cartier Women’s Initiative Awards, que reconhece projetos inovadores feitos por mulheres ao redor do mundo, e me deparo com iniciativas inspiradoras. Em 2012, o trabalho de duas empreendedoras em Ruanda, na África, me impressionou. Os absorventes no país são itens caros, e muitas mulheres deixam de sair de casa quando estão menstrua¬das. As empreendedoras desenvolveram um absorvente alternativo, feito com fibra de bananeira, 70% mais barato que as marcas internacionais vendidas no país. Com isso, resolveram um problema social.

MINORIA NO PODER Já somos responsáveis por metade dos novos negócios que surgem no Brasil, ocupamos a maioria das vagas nas universidades, chegamos à Presidência da República. Mas, apesar de tantos movimentos, deveríamos ter mais mulheres ascendendo a posições de poder.

Basta olhar as fotos em uma revista de negócios ou circular entre eventos promovidos para CEOs. Ainda estamos em minoria. Às vezes me pergunto: será que as mulheres realmente querem ser presidentes de empresas? Assumir um cargo como esse é uma tarefa solitária, que exige enorme dedicação e uma boa dose de abdicação. Nem todas estão prontas para isso.

Em 2012, a Dudalina fez um processo de seleção de trainees. Recebemos mais de 500 currículos — 40% deles de mulheres. Em meu esforço de deixar o board da companhia mais feminino, duas das cinco vagas foram preenchidas por moças. Na hora de decidir se queriam seguir na empresa, elas disseram não: uma condição para fazer parte do programa era morar em Blumenau (SC). Os homens não se importaram de mudar de cidade. Por que elas passaram pelo processo e, no final, não tiveram coragem de assumir o desafio?

Somos capazes de fazer coisas grandiosas, mas ainda precisamos nos aprimorar se quisermos ocupar novos espaços. Há alguns aspectos que merecem atenção. Se você é mulher, é importante que:

• Pare de olhar para os lados, olhe para a frente. Não pense no colega que é homem e foi promovido. Trabalhe para se desenvolver. Seja mais objetiva e tome as decisões motivada pela razão, sem se deixar contaminar tanto pela emoção.

• Aprenda a fazer networking e use isso a seu favor. Não tenha vergonha de aparecer, expor o que pensa, se promover.

• Sonhe um sonho pronto. E não tenha medo de arriscar.


*Sônia Hess de Souza é presidente da Dudalina. É também presidente do Lide Mulher, jurada do prêmio Cartier e conselheira do Women’s Forum da Ernst & Young


Fonte: Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, 11/03/2013.

http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI332510-17162,00-O+QUE+AS+MULHERES+QUEREM.html

Talentos femininos transformam o empreendedorismo


Grandes mudanças no cenário empreendedor brasileiro devem-se à presença feminina no mercado.
À luz de alguns dados, pode-se perceber uma nova e marcante presença na cena empreendedora, que está mudando as características desse mercado. Uma pesquisa realizada pela Endeavor em 2011, a primeira no mundo sobre empreendedores inovadores que considerou diferenças entre gêneros, mostra que empresas inovadoras e de alto crescimento lideradas por mulheres têm mais facilidade em atrair e reter talentos, item considerado o maior entrave de qualquer empreendedor.
“É preciso que as instituições de fomento aprendam a lidar com o jeito diferente de fazer negócios das mulheres. Afinal, um levantamento recente do Global Entrepreneurship Monitor mostrou que 51% dos empreendedores brasileiros são do sexo feminino”, diz Amisha Miller, gerente de pesquisa da Endeavor.
Outro dado relevante apontado pela pesquisa indica que as mulheres agregam mais inovação do que os homens ao setor de serviços, área que representa cerca de 60% do PIB do Brasil. “O IBGE mostra que o setor de serviços é o maior gerador de empregos formais do país. Em uma área em que as mulheres mais inovam, é natural esperar que elas tenham um potencial maior de crescer rapidamente”, observa Amisha.
A experiência de Lucy Onodera, diretora geral daOnodera, rede de clínicas de estética corporal e facial, sustenta a afirmação. Motivada pelo exemplo de sua mãe, que começou a empreender 30 anos atrás, “quando eram pouquíssimas as mulheres em posições de liderança”, ela se envolveu aos 19 anos com os negócios da família e hoje, aos 31, entende que as mulheres têm uma sensibilidade maior para lidar com o cliente, entendê-lo e até “paparicá-lo, às vezes, quando necessário”. E, por mais que Lucy alegue reservas quanto à diferenciação de gêneros, atualmente, 80% de sua rede é administrada por mulheres.
O mesmo acontece na Kapa+ Ecoembalagens, empresa de embalagens ecológicas fundada por Karla Haidar, onde todos os cargos de chefia são ocupados por mulheres. “Apenas o contador e o motorista são homens”, compartilha a empreendedora. “Temos uma facilidade maior para organizar muitas coisas ao mesmo tempo, algo que muitos homens não têm. Talvez por causa de todo o histórico de funções que a gente acumulou”, completa, ao ser questionada sobre a característica mais positiva de suas gestoras.
Para ela, a maior dificuldade está em equilibrar o modelo tradicional de estrutura familiar com a dedicação no trabalho. “Elas são as chefes em casa também, então acabam acumulando as funções ‘do homem’ no trabalho e ‘da mulher’ no lar. O desafio está em passar por tudo isso sem perder a essência, a feminilidade”. E pondera: “Esta não é uma disputa com os homens pelas oportunidades, é uma conquista de espaço”.
Na visão de Maristela Mafei, sócio-fundadora do Grupo Máquina, a grande transformação se deve à mudança de atitude das mulheres das novas gerações, que se preparam cada vez mais para o mercado. “Elas estão mais aptas a se qualificar, em número mais significativo fazendo MBA, recorrem mais aos programas de bolsas de estudo e pesquisa do governo e da iniciativa privada, buscam mais oportunidades de empreender. Estamos assistindo a uma mudança cultural muito grande”, ressalta.
Ela aponta essa característica como uma tendência cada vez mais marcante das novas gerações. “Eu sou da geração 1.0 de empreendedoras. Na época em que eu abri a Máquina, estava na minha quarta empresa. Já tinha empresas, marido, filhos e casa para tocar. Hoje, noto as meninas executivas e empreendedoras da geração 3.0 muito mais criteriosas para fazerem escolhas para si mesmas”, completa.
Uma transformação pontual, segundo Maristela, é a maior valorização da área de comunicação nas empresas, um setor predominantemente ocupado por mulheres. “Até um passado recente, principalmente dentro das grandes corporações, a comunicação não era vista como corebusiness, mas como apoio secundário a outras áreas. (...) Talvez a valorização da área com o passar dos anos tenha a ver justamente com o fato de estarem ocupadas por mulheres, quem sabe”, defende a comunicadora.
Além disso, no que diz respeito ao mercado de trabalho em geral, a avaliação de Maristela é de que, hoje, quando se abre uma vaga de CEO ou de vice-presidente, já é possível ver ao menos uma mulher disputando para dois ou três homens. “Cerca de cinco anos atrás não se via isso”, garante.
Existem, no entanto, tendências que revelam outro cenário. De acordo com um estudo realizado pela agência norte-americana Maternal Instinct, embora elas representem 80% do mercado consumidor, apenas 3% dos cargos criativos são ocupados por mulheres. Uma das razões apontadas para isso é a dificuldade das empresas em proporcionar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Enquanto isso acontecer, desdobra a pesquisa, as mulheres continuarão sendo levadas a fazer esse tipo de escolha, e o mundo permanecerá desprovido de seus talentos particulares.

Fonte: 11/03/2013.

http://www.endeavor.org.br/endeavor_mag/estrategia-crescimento/cenarios-e-tendencias/talentos-femininos-transformam-o-empreendedorismo

sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulheres no comando: o sucesso do poder feminino


Conheça empresas que fazem a diferença e as mulheres que estão à frente delas


Foi-se o tempo em que as mulheres se comportavam como muitas donzelas dos antigos romances e contos de fada. Em histórias como Rapunzel ou A bela adormecida, elas se apresentam como figuras subservientes, que só tinham seus finais felizes condicionados à aparição de um príncipe encantado em suas vidas. No entanto, a postura feminina com o passar do tempo deixou de ser submissa e passou a ser independente e atuante na sociedade a partir de conquistas contínuas.


Cada vez mais as mulheres ganham destaque nas carreiras, em cargos de liderança e em funções outrora exclusivas do gênero masculino, a exemplo de Angela Merkel (chanceler da Alemanha), Christine Lagarde (diretora do FMI) ou Dilma Roussef (presidente do Brasil). Até mesmo em culturas mais resistentes à atuação feminina, como a do Afeganistão, elas ganham destaque. O país tem como vice-presidente do Parlamento a líder Fawzia Koofi, que já planeja disputar a presidência do país nas eleições de 2014.
Nos negócios, o cenário também não é diferente. No Brasil, mulheres estão à frente de grandes empresas como Petrobras (Graça Foster), GM Brasil (Grace Lieblein), Magazine Luiza (Luiza Trajano) e GE (Adriana Machado). E o destaque da atuação feminina em cargos de direção e comando no Brasil tem respaldo em estatísticas. De acordo com dados de uma pesquisa realizada pela Michael Page, a presença de mulheres nas funções de liderança cresceu em 2011, passando de 4% em 2010 para 8%, motivada, principalmente, pelas áreas de Finanças e Vendas e Marketing.
Em relação aos pequenos e micronegócios, a quantidade de mulheres liderando esses empreendimentos no país é quase igual ao número de homens nessa função, segundo relatório do Global Entrepeneurship Monitor (GEM) de 2010. Dos 21,1 milhões de empreendedores que conduzem negócios com menos de um ano e meio de existência, 49,3% são mulheres, o que representa 10,4 milhões de pessoas. As informações representam um aumento em relação a 2002, ano em que elas representavam 42,4% dos empreendedores.
De olho no presente (e no futuro) 
A partir dos dados acima é possível constatar que as mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço no mercado e obtendo reconhecimento de sua competência, provando que seu desempenho nos negócios pode ser tão bom ou melhor que a atuação masculina. E até as questões socioambientais estão em pauta. “Tive coragem de fazer uma empresa, um ramo novo na época, sem apoio financeiro. Suportei por bastante tempo até conseguir resultados, assumindo uma série de riscos”, conta a empresária Sibylle Muller.

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Sibylle Muller (Foto: divulgação)

Formada e com Mestrado em Engenharia Civil, Sibylle trabalhava para uma empresa alemã na área de meio ambiente e começou a viajar para a Alemanha com suporte da companhia para a realização de um projeto ambiental. Lá se aperfeiçoou em tecnologias de solo, água e ar e decidiu, aos 41 anos, fundar o seu próprio negócio no Brasil: a Acquabrasilis. A empresa - que é especializada em reuso e potabilização da água, captação pluvial e tratamento do recurso para fins não potáveis - atualmente conta com 240 projetos realizados, além de 91 sistemas que aproveitam a água e tratam efluentes instalados em todo o país. Entre seus parceiros estão grandes construtoras como Odebrecht, Tecnisa, Gafisa e Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário.
Já Maronita Antunes buscou, através do empreendedorismo, alterar positivamente a situação dos moradores de sua localidade. Diante da difícil condição de vida da maioria dos produtores de açafrão do município de Mara Rosa (GO), a diretora escolar e também cultivadora da especiaria resolveu agir para ajudar os agricultores. A partir daí, ao começar a participar da Cooperativa dos Produtores de Açafrão de Mara Rosa e região (Cooperaçafrão), ela iniciou ao lado dos outros cooperados a organização do trabalho da colheita, que se tornou mais eficiente com a ajuda de todos.

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Maronita Antunes (Foto: Bernardo Rebello / ASN)
“Foi visível a melhoria de vida dos produtores, que cresceram socialmente e economicamente”, afirmou Maronita. A ação, que também promoveu a conscientização sobre o respeito à legislação, permitiu que crianças e jovens, que tradicionalmente deixavam a escola para ajudar a colher a safra, não precisassem mais abandonar as salas de aula. A iniciativa de Maronita Antunes, hoje à frente da Cooperaçafrão, teve reconhecimento nacional, com a entrega do troféu de prata do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2012 na categoria Negócios Coletivos para a produtora.
Uma nova porta
Algumas vezes para se alcançar objetivos é preciso coragem para mudar de carreira. E uma empresária que não teve medo de mudanças foi Louzier Lessa. Tudo começou em 1989, quando ela começou a fazer doces para complementar seu salário de funcionária dos Correios de Cordeiro (RJ). Vendendo inicialmente doces simples, a empresária começou a investir na confecção de doces mais sofisticados e passou a se dedicar exclusivamente ao seu negócio.

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Louzier Lessa (Foto: divulgação)
Fez tanto sucesso que hoje o empreendimento conta com 70 pessoas e escritórios no Rio de Janeiro e em São Paulo. O faturamento, em 2011, foi de R$ 1,2 milhões e a perspectiva é de um aumento de 20% para esse ano. Para tanto sucesso, a empresária dá a receita: “eu não queria fazer um simples doce, que todo mundo faz. É preciso que a qualidade do produto seja extraordinária, tanto no sabor quanto na aparência. Além disso, tudo o que a gente faz, tem que ser feito com amor. Essa é a diferença, pois quando os clientes veem o produto, ficam encantados”, afirma.
Quem também seguiu os ventos da mudança foi Regina Jordão. Paralelamente ao trabalho de secretária numa empresa estatal, ela participou de cursos em uma área com a qual já se identificava, a estética. Após o término do treinamento, começou a trabalhar com um médico em São Paulo, mas morava no Rio de Janeiro e foi daí que surgiu a ideia de criar uma empresa no setor estético, mais especificamente no ramo da depilação. “Comecei a perceber que este mercado era carente de profissionais e de um ambiente exclusivo, pois com meu horário muito reduzido (tendo que vir para o RJ todo final de semana), não conseguia colocar minha depilação em dia e muito menos encontrar bons profissionais”, afirma.

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Regina Jordão (Foto: divulgação)
Assim, Regina Jordão deixou o emprego de secretária e fundou em 1996 o Instituto de Depilação Pello Menos, no Rio de Janeiro. Hoje o empreendimento é uma rede com 42 lojas no Rio de Janeiro e em São Paulo, com 450 mil clientes cadastrados e uma média anual de faturamento de R$ 70 milhões.

Elas fizeram a história

Líderes, estrategistas, polêmicas e capazes de modificar o rumo da história. Apesar de todo indicativo à fragilidade e submissão que as mulheres sofreram ao longo de séculos, muitas delas mostraram uma impressionante capacidade de quebrar paradigmas e deixaram suas marcas no mundo. Selecionamos 14 dessas mulheres que, por algum ou vários motivos, tornaram-se ícones em suas épocas, inspirando ou amedrontando gerações inteiras.

http://www.flickr.com/photos/89770177@N08/


Fonte: Administradores.com, 08/03/2013.

http://www.administradores.com.br/noticias/carreira/mulheres-no-comando-o-sucesso-do-poder-feminino/73881/





quarta-feira, 6 de março de 2013

Por que você empreende?


Negócios que priorizam o impacto social, e não o lucro, têm cada vez mais possibilidade de êxito com o aumento das demandas na base da pirâmide.
De tão novo o modelo, nem mesmo o seu conceito está estabelecido. Negócio social, empresa social, negócio inclusivo e negócio voltado para a base da pirâmide são alguns dos nomes criados pelas organizações envolvidas com essa tendência de mercado. Apesar da indefinição, o objetivo é um denominador comum: “utilizar estratégias de negócio para melhorar a qualidade de vida das pessoas de baixa renda”, como definiu Vivianne Naigeborin, assessora estratégica da Potencia Ventures, em artigo intitulado Negócios Sociais: um modelo em evolução.
O debate em torno da conceituação também não interfere na força do fenômeno. Com presença cada vez mais marcante na sociedade a partir da segunda metade dos anos 2000, os negócios que têm como prioridade o impacto social, e não o aumento do lucro, destinam uma visão otimista a estatísticas negativas em sua origem e, por meio de diferentes estratégias, procuram exercer sobre elas uma mudança positiva. No caso do Brasil, por exemplo, 80% da população compõe a base da pirâmide, ou seja, vive com baixa renda e acesso limitado a saúde, educação e outros serviços básicos de qualidade.
No cenário global, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 39% da população mundial não dispõe de saneamento básico, enquanto mais de 2,6 milhões de jovens entre 10 e 24 anos morrem a cada ano por doenças que poderiam ser prevenidas. Indo mais além, embora o número de usuários de internet nos países em desenvolvimento tenha dobrado entre 2007 e 2011, apenas 25% desse total tem acesso à rede.
Esses são apenas alguns números que representam os grandes desafios da sociedade e, ao mesmo tempo, se traduzem em oportunidades para empreendedores de diversos setores. “Está cada vez mais claro que as soluções para essas questões não podem depender apenas do poder público”, defende Safiri Felix, co-fundador do TreinaLink, uma plataforma de qualificação profissional voltada para a população de baixa renda. Por isso mesmo, pondera ele, “é enorme a possibilidade de êxito e escala de iniciativas inovadoras, capazes de suprir essas lacunas, apresentadas pelo mercado”.
Para Camilla Junqueira, coordenadora do projetoVisão de Sucesso, realizado pela Endeavor Brasil em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Itaú, ainda existe um mito de que gerar impacto social positivo é “coisa de ONG”. “Se você quer impacto, vai para ONG, se quer dinheiro, vai para empresa. Mas isso está acabando. Está surgindo todo um setor que propicia o investimento em negócios de impacto e, portanto, retorno financeiro”, observa.
Ainda a seu ver, as empresas estão tomando consciência de seu papel na sociedade. “Os movimentos deresponsabilidade social dentro das empresas já são praticamente obrigatórios. Mas por que não torná-los integrais, em vez de apenas parte da empresa? Uma empresa com uma intenção clara, voltada para o impacto que ela causa na sociedade, tem muito mais chance de ser bem-sucedida neste trajeto. E, quando eu falo bem-sucedida, não digo só financeiramente, mas não colocando o lucro acima do impacto. O grande desafio é chegar neste equilíbrio.”
Conforme reflete Rebeca Rocha, coordenadora do pólo brasileiro do Instituto Aspen, o imprescindível é que todas as organizações tenham consciência do espaço que ocupam e das suas necessidades. “Qual é o seupoder de influência? O que você pode fazer junto ao governo para a sua empresa ser cada vez mais relevante? Esta reflexão traz valor, e, em um futuro breve, clientes escolherão o seu produto e serviço no lugar de um convencional”, propõe.
Derrubar algumas crenças tradicionais do mundo dos negócios e provar que dá para seguir esse caminho é a chave para a consolidação desse tipo de empreendimento. “Todo esse setor está tentando se provar, mas uma das maiores dificuldades é o fato de ainda não haver grandes exemplos. É aí que entra o Visão de Sucesso”, pontua Camilla, lembrando o papel do projeto neste processo: apoiar o desenvolvimento de negócios voltados para a base da pirâmide e disseminar esses exemplos para o mercado tradicional. “Mostramos para o empreendedor que ele pode olhar para esse setor e enxergar a oportunidade de gerar um impacto mais direto e, ainda assim, ter um negócio lucrativo.”
 Fonte: Endeavor MAG, 06/03/2013.
http://www.endeavor.org.br/endeavor_mag/start-up/oportunidades-de-negocios/por-que-voce-empreende